sexta-feira, 30 de novembro de 2012

UMA PROPOSTA PARA UTILIZAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO NAS AULAS DE GEOGRAFIA

Trabalho publicano nos anais da IV Jornada de Ensino de Geografia: Um Debate sobre Cartografia Escolar. UENP - Cornélio Procópio.
UMA PROPOSTA PARA UTILIZAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO NAS AULAS DE GEOGRAFIA 
HARADA, DAYANE R. R.
NASCIMENTO, EDSON JOSÉ DO
SILVA, LUIZ HENRIQUE DA
OLIVEIRA, JULLY GABRIELA RETZLAF DE 
Palavras-chave: instrumento de ensino; 6º ano; formação dos continentes. 
INTRODUÇÃO           
            O livro didático sempre foi e continua a ser a principal ferramenta de uso do professor, pois é ele quem vai dar a direção que o professor deve seguir na hora de planejar suas aulas. No caso da geografia, o livro didático, com suas imagens e textos, permitem ao professor, que demonstre aos alunos as paisagens, relevos, tipos de solos e como se delimita as regiões. Por se tratar de figuras, apenas vai dar ao aluno a impressão de como são os locais que o professor pretende demonstrar e não pode ser entendido como real. O livro didático esta para o professor como ferramenta principal de trabalho, tanto que para os PCNs “o  livro didático é um material de forte influência na prática de ensino brasileira. É preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos” (BRASIL, 1997. P. 69).
            O que não significa que o livro didático possa ser o único instrumento de uso do professor, mesmo sendo o livro didático um norteador, isto significa que ele possui o conteúdo que deve ser trabalhado durante  o ano letivo, mas que o professor possa enriquecer as aulas ao fazer uso de técnicas que envolva o uso de outras ferramentas, como:revistas, jornais e até mesmo as informações contidas na internet, que utilizada de forma correta, é um instrumento que deve ser considerado, pois é uma técnica que muito chama a atenção dos alunos.
            Este trabalho tem por objetivo destacar a importância do livro didático no ensino de Geografia e apresentar uma proposta didática para seu uso em sala de aula, apesar de frisar que o mesmo não deve ser utilizado como único instrumento em sala de aula. As reflexões aqui apresentadas forma elaboradas a partir das orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, (BRASIL, 1997) e de pesquisa bibliográfica de autores como: Antonello e Pereira (2008). Para elaboração da proposta didática foi utilizado os livros do Projeto Araribá (2007). 
FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA 
Ao elaborar o livro didático existe uma preocupação em montar e editar conteúdos que possam ser facilmente compreendidos pelo professor e que sejam interessantes aos alunos. O seu livro didático de Geografia traz varias unidades que apresentam uma organização clara e regular dos estudos dos temas, atividades, representações gráficas e compreensão de textos. Cada assunto traz um texto introdutório para apresentação dos mesmos.
            As questões propostas convidam o aluno a analisar as imagens, embora ilustrativas, representam com fidelidade as paisagens geográficas, e ainda a recordar o que já se sabe sobre o assunto. O livro didático traz ainda atividades praticas que estimulam a exploração das imagens, a interpretação de dados e tabelas, para que o aluno tire conclusões a partir dessas análises e ainda desenvolva a habilidade da leitura de textos e imagens. 
Para Saviani, o professor tem que saber que:
 o livro didático tem caráter estático se considerado apenas como meio: a mensagem a ser passada pelo professor está organizada convenientemente para ser captada pelo receptor (aluno).  É fato, porém que a mensagem cientifica precisa ser transmitida ao aluno, usando enunciado didático (STEFANELLO, 2009, p. 84).
            O autor vem demonstrar que apesar de toda a preocupação com o livro didático, ao utiliza-lo o professor tem que ter habilidade suficiente para aproveitar o máximo as informações que o livro dispõe. É comum nos livros didáticos ao trabalhar florestas e matas, perceber imagens que faz referencia a floresta Amazônica e a mata Atlântica. Até por ser duas das principais florestas não só brasileira como mundial, é necessário que estes sejam mencionados, mas é necessário que o professor faça uma contextualização com os tipos de matas que temos na região, no nosso caso também é mata Atlântica, fazendo ainda um parâmetro com o que levou ao desmatamento ocorrido em nossa região, já que aqui, essas matas cedeu lugar a agricultura.
            Informações esta que nem sempre vem destacada dessa forma no livro didático, mas que não deve coibir o uso do mesmo, pois ao entrar na sala de aula, o professor deve levar consigo o livro didático. Pois o seu trabalho deve ser baseado nos capítulos do livro didático, que vai dar ao professor uma sequencia lógica de como trabalhar as regiões, os diferentes tipos de relevos, os climas, as paisagens, etc... Para Antonello e Pereira:
As explanações inerentes ao livro didático dão conta de quanto essa ferramenta didática tornou se âncora de fixação de recursos nas escolas, e apesar de saber que tal recurso é de extrema utilidade, infelizmente ele acabou por se tornar a única tabua de salvação enquanto expediente dentro da sala de aula’. (2008, p. 277).
            Segundo os autores supracitados, o livro didático ao ser usado como única forma de ensino aprendizagem, faz com que o professor deixe de oferecer ao aluno um conteúdo que possa ser mais completo, uma vez que o livro didático, apesar de ser a base de ensino para o professor, precisa ser complementado com informações que surgem a cada dia, tornando a aula mais interativa. Já que hoje os alunos são muito informados e é preciso que o professor acompanhe constantemente o que acontece na mídia, de acordo com os assuntos que surgem no dia a dia. No entendimento de Oliveira:
O que ocorre na realidade é que os professores (todos), obviamente os de geografia também, estão envolvidos num processo dialético de dominação, qual seja o professor foi educado a ensinar sem por em questão o conteúdo dos livros didáticos, sem que o produto final de seus ensinamentos fosse ferramentas com as quais eles e seus alunos vão transformar o ensino que praticam e, certamente, a sociedade em que vivem. Ou por outras palavras, os professores e os alunos são treinados a não pensar sobre e o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o que é ensinado. (2010, p. 28).
            Essa questão do professor e do ensino estar voltado para um sistema onde se busca ensinar sem dar ao aluno o direito de pensar, de entender o que esta estudando durante muito tempo veio a tomar conta do ensino, onde de certa forma era cômodo, já que não havia cobrança para que se buscasse outra forma de ensino, e este acabou por criar um vicio de ensino onde o professor se acomoda e os alunos acabam aceitando essa forma de ensinar sem se preocupar em aprender. Quanto aos alunos é normal que estes não percebam o que esta acontecendo dentro do ensino, e no sentido de a aula não ter o andamento que o ensino precisa para dar ao aluno a base necessária para seu aprendizado, é uma falha que estes só vão perceber com o tempo, quando chegar a hora de prestar um vestibular ou ter que enfrentar algum tipo de concorrência (OLIVEIRA, 2010).
            Além do livro didático deve se buscar sempre uma forma de complementar o livro didático, e opções não faltam. Hoje temos a internet que se tornou ferramenta indispensável a quase todos os alunos e professores, e na maioria das vezes, trazem questionamentos que vem dessa mídia para o professor, por isso, este precisa estar se atualizando. Também as mídias impressas como revistas e jornais, alem de musicas e poemas podem ser usadas em sala de aula, pois, com estes recursos, se consegue trabalhar desde a atualidade até mesmo buscar dados comparativos de outras épocas ou regiões, desde que o professor tenha tempo e disponibilidade para trabalhar com estes recursos. Para Antonello e Pereira (2008), ao trabalhar com outros recursos, o professor alem de enriquecer sua aula, tornando a mais atrativa, ainda melhora o aprendizado do aluno, melhorando seu conhecimento e tornando o mais critico, pois ao adquirir mais conhecimento percebem-se as diferenças sociais, como elas acontecem e consequentemente as possibilidades de mudanças, que só é possível via educação.
            Antonello e Pereira (2008. p. 278) sugerem a utilização de outras ferramentas importantes e indispensáveis para a ajuda na construção do saber, e que estariam concentradas no uso de filmes (ou documentários), recursos literários ou intervenções criptográficas. Essas ferramentas poderiam ter o poder de elevar o senso critico dos alunos e a utilização de recursos de imagens produções literárias seria, assim, uma opção para uma nova maneira de mostrar os conceitos em questão.
O livro didático tem os atributos necessários para o professor ministrar uma boa aula, desde que interprete o conteúdo com maestria. O maior problema das aulas tem sido o uso inadequado do livro didático, que não tem sido observado ou seguido de forma correta, acarretando ao mesmo a fama de vilão no ensino. A partir do momento em que este for utilizado de forma correta, o ensino tende a ser mais bem aproveitado. Para Castrogiovanni e Goulart (2008), “è de fundamental importância que o livro didático permita ao professor e aos alunos desenvolverem sua criatividade: portanto, não se deve apresentar textos e exercícios que contenham ideias prontas, fechadas ou ilimitadas”. De acordo com os autores, o que esta faltando ao livro didático e a educação, principalmente no caso da Geografia, e dar ao aluno a opção de pensar, de aprender a ser critico, para com isso, criar um interesse do aluno nas aulas.
Neste caso o ideal é que além do livro didático, o professor também trabalhe outras técnicas, que em nada vai diminuir o livro didático, muito pelo contrario, vai ajudar a enriquecer os assuntos apresentados por este, e vai facilitar muito mais o entendimento do que vai ser trabalhado na sala de aula. Sempre tendo o livro didático como referencia sobre o que trabalhar.           
PROPOSTA DIDÁTICA 
A seguir será apresentada uma proposta didática para o professor de Geografia utilizar o livro do 6º ano do Projeto Araribá, no conteúdo de “Como se formaram os continentes da Terra”.
O livro traz uma linguagem simples, bem atual e conta como o cientista alemão Alfred Wegener desenvolveu a teoria chamada de Deriva continental.
O Continente Pangeia: o livro faz uma narrativa sobre a teoria da deriva continental, inclusive explicando que a 300 milhões de anos a terra era só um continente chamado Pangeia. O livro vem colocar que após observar à costa leste da America do sul e a costa oeste do continente africano, como se no passado fossem um só. Vem ainda observar que muitos dos animais que existiam em um continente também existiam no outro.
A fragmentação do Pangeia: O livro traz uma explicação como ocorreu a fragmentação do Pangeia, se transformando em dois continentes: Laurasia e Gondwana. E que esses dois blocos teriam se afastado lentamente e se dividido, dando origem aos atuais continentes.
Através de figuras (imagens ilustrativas), o livro didático traz os continentes desde o início, demonstrando como se fragmentaram passo a passo, demonstrando como ocorreu a deriva continental até chegar à formação atual, inclusive destacando que as mudanças ocorrem em milhões de anos, que não foi uma coisa que apareceu de uma hora para outra.
O livro didático traz ainda 02 perguntas sobre a deriva continental, inclusive perguntas bem elaboradas tipo:
a) com base em quais fatos Alfred Wegerner desenvolveu seus estudos cobre a deriva continental?
b) quais as principais diferenças entre a distribuição atual dos blocos continentais e a forma como teria sido a 230 milhões de anos?
O livro didático traz ainda uma atividade para ser aplicada de forma oral para os alunos, onde o professor deve indagar quais continentes se formaram a partir dos continentes Gondwana e Pangeia?
O livro didático traz ainda curiosidades sobre pequenos animais e plantas, que foram encontrados na America do Sul e na África, e que por serem pequenos, não teriam como ter voado ou nadado por mais de 3200 km, comprovando assim sua teoria sobre a deriva continental.
Ao trabalhar o livro didático o professor deve iniciar a leitura do mesmo com os alunos, fazendo pausas para explicar as informações mais relevantes. Nas figuras que retratam a formação dos continentes, desde os primórdios até a configuração atual, o professor deve reproduzir as mesmas no quadro através da montagem das partes em E.V.A de cores distintas para exemplificar o assunto porém em escala maior para melhor compreensão e visualização. Neste momento os alunos podem pesquisar no livro didático característica de cada período de formação dos continentes e então escrever as informações no quadro (ver o aluno que voluntariamente topa escrever no quadro). Para casa, sugere-se que os alunos confeccionem um painel contendo uma das etapas de formação dos continentes, contendo imagens, curiosidades, característica do período e a posição do Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao considerar as afirmações de Saviani, um dos autores mais conceituados em didática, ao afirmar que o professor deve ter um cuidado na forma de utilizar o livro didático, entende-se o que ocorre hoje na utilização dessa ferramenta.
            Tanto Antonello e Pereira (2008) como Oliveira (2010) destacam, a intenção de parte dos professores de estar utilizando o livro didático como ferramenta única em sala de aula, e que este não tem sido utilizado de forma correta, o que tem causado grande prejuízo ao ensino e aos alunos.
O ideal é que o professor utilize sim o livro didático como norteador, e que faça uso de técnicas que auxiliem na aprendizagem dos alunos, já que essas técnicas facilitam muito a dinâmica do ensino, como traz uma interação maior entre o professor e os alunos no dia a dia e nos assuntos trabalhados.             Portanto, cabe aos professores fazer uso do livro didático, mas sempre atento a necessidade de utilizar  outras técnicas para facilitar a didática em sala de aula, como também procurando melhorar a qualidade do conteúdos que o professor  apresenta aos alunos. 
REFERENCIAS 
ANTONELLO, I. T.; PEREIRA, V. A. A compreensão de conceitos Geográficos mediante a utilização da narrativa literária. In.: GRATÃO, L. H. B.; CALVENTE, M. C.. H.; ARCHELA, R. S. Múltiplas Geografias: ensino-pesquisa-reflexão. Vol. V, Londrina: Ed. Humanidades, 2008.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p.

CASTROGIOVANNI, A. C.; GOULART, L. B. A questão do livro didático em Geografia: Elementos para uma análise: In: Geografia em salas de aulas, praticas e reflexões; Org.: Castrogiovanni ET AL;Porto Alegre; UFRGS, 1º edição 1998.

OLIVEIRA, A. U. Situação e Tendências da Geografia; In.: OLIVEIRA, A. U. (Org.) Para onde vai o ensino de Geografia. São Paulo. Contexto. 2010.

EDITORA MODERNA; Projeto Araribá Geografia; São Paulo, Moderna, 2ª edição 2007.

STEFANELLO, A. C. Didática e Avaliação da Aprendizagem no Ensino de Geografia. São Paulo,1ª edição, Saraiva.2009.

Um comentário:

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