segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL.

SANTOS, Juliani Cristina dos
Graduanda do 4º ano de Geografia da UENP- Campus Cornélio Procópio
PIMENTEL, Aline Rodrigues
Graduanda do 4º ano de Geografia da UENP- Campus Cornélio Procópio
OLIVEIRA, Jully Gabriela Retzlaf de
Profª Orientadora, UENP- Campus Cornélio Procópio

No atual contexto da educação e da problemática do processo de ensino-aprendizagem é necessário refletir sobre novas maneiras de educar e entender o ambiente cotidiano da sala de aula e dos seus educandos. Assim, torna-se relevante a utilização de recursos didático-pedagógicos alternativos como as atividades lúdicas, a exemplo da música, onde constitui uma ferramenta que permite trabalhar os conteúdos geográficos de modo crítico e criativo. De acordo com VIEIRA:
“A música pode ser um complemento auxiliar das atividades desenvolvidas para interação com alunos nos trabalhos de ensinar e aprender Geografia. [...]” (2007, p. 107)
Diante de tais desafios, propusemos a pesquisa de uma metodologia de ensino, que utilizando a música, levasse os alunos a relacionarem as mensagens contidas nas mesmas aos conteúdos geográficos, motivando a produção musical e a construção do conhecimento. A música pode ser um instrumento de massificação de idéias e de difusão de valores e atitudes, e essas propriedades somadas à presença deste meio no cotidiano dos alunos, a torna um instrumento valioso no desenvolvimento de capacidades como contextualização, análise, expressão de idéias, produção de letras e músicas, construção de conhecimento e mudança de atitudes.
O Objetivo deste trabalho foi o de aguçar o senso crítico dos alunos na identificação e análise de temas geográficos presentes nas músicas ouvidas no seu dia-a-dia. Em específico buscou-se fazer a contextualização dos conteúdos geográficos com as mensagens, fenômenos e relações expostas na música. Como afirma KLIMEK:
“O ensino de Geografia deve possibilitar ao aluno a compreensão da realidade e instrumentalizá-lo para que faça a leitura crítica, identifique problemas e estude caminhos para solucioná-los; mas para isso é necessário que os alunos e o professor sejam parceiros na busca de conhecimentos [...]” (2007, p.119).
Diante do exposto procurou-se desenvolver nos alunos a habilidade de produzir algo, a partir do que foi visto, ouvido e analisado, levando à elaboração de novas músicas que expressassem conceitos, ideologias e atitudes aos ouvintes destas, iniciando, desta forma, um ciclo de comunicação que levassem à produção do ser pensante e atuante na sociedade.
A música como instrumento de ensino pode ser aplicado de diferentes maneiras em sala de aula. Neste trabalho será apresentado três aplicações distintas da música no ensino de Geografia, sendo: aulas com o uso da Paródia, análise da letra das músicas, análise dos diversos ritmos contidos nas músicas. Pois como o autor mesmo se refere:
“[...] Diferentes interpretações podem ser discutidas sobre a música, seu ritmo, sua harmonia, principalmente quando contextualizadas no momento histórico da sua elaboração. Toda arte é também expressão política e a música tem igualmente o seu lado histórico a ser explorado e sentido.” (VIEIRA, 2007. p. 107)
A paródia é a recriação de uma música geralmente conhecida, uma reescritura de caráter contestador, crítico, satírico, humorístico. A paródia constrói, assim, um percurso de desvio em relação ao texto parodiado, numa espécie de insubordinação crítica, cômica. Para se trabalhar com a paródia sugerimos que mesma seja elaborado pelos alunos, levando em consideração uma música que já conhecem e que gostam relacionando-a com o conteúdo geográfico estudado no momento. Um exemplo de paródia: O tema são as Eras Geológicas, a música é Mamãe eu quero. “Eu sei as Eras/Eu sei as Eras, As Eras Geológicas, Arqueozóica, Proterozóica, Paleozóica, Mesozóica, Cenozóica/Pré-Cambriano: Formação do Planeta; Paleozóica: Formação dos Sedimentos; na Mesozóica: grande vulcanismo; e já na Cenozóica: recentes dobramentos.”
Outro exemplo de como a música pode ser trabalhada no Ensino Fundamental se dá através da análise do ritmo musical. Propõe-se trabalhar a regionalização do Brasil através dos ritmos, apresentando aos alunos os diversos ritmos musicais que se manifestam no território brasileiro, podendo através dos mesmos identificar culturas distintas ligadas a cada região do país. Uma exemplificação são as Macrorregiões do IBGE, onde o Brasil está dividido em cinco Regiões, para facilitar o estudo deste extenso território, dessa forma a Região Norte: se caracteriza pelos ritmos: Brega, Tecnobrega, Carimbó, Lambada, Calipyso, as Toadas de Parintis, entre outros, que ao ouvir esses ritmos automaticamente se recorda desta região. Já na Região Nordeste, os ritmos predominantes são: Forró, Frevo, Maracatu, Baião, Axé, Arrocha, entre demais ritmos, que faz desta região destino certo em festas tradicionais brasileiras. Na Região Centro-Oeste o Sertanejo de Goiás e o Pop-Rock do Distrito Federal se destacam entre os ritmos. Na Região Sudeste, o Sertanejo também faz parte, mas os que mais se sobressaem são o Hip Hop, o Reggae, o Funk e as músicas eletrônicas. Por fim na Região Sul tem o Vaneirão, Xote, Valsa, Chamamé, entre outros que caracterizam essa região. Todos estes ritmos citados podem ser trabalhados em sala de aula da seguinte forma: o Professor leva um CD com músicas dos diferentes ritmos e os alunos tentam descobrir de qual região aquela música faz parte.
Outra forma interessante de utilizar a música em sala de aula é utilizando a própria letra, podendo ser uma música que faz crítica a algo ou simplesmente voltada para o conteúdo geográfico. A seguir serão apresentadas algumas letras de música que podem ser relacionadas à Geografia:
Música 1 - Nas favelas, no senado/Sujeira pra todo lado/Ninguém respeita a constituição/mas todos acreditam no futuro da nação/Que país é esse? Que país é esse?/Que país é esse?/No Amazonas, no Araguaia iá, iá,/na Baixada Fluminense/Mato Grosso, nas Gerais e no/Nordeste tudo em paz/na morte eu descanso, mas o Sangue anda solto/Manchando os papéis, documentos fiéis/Ao descanso do patrão/Que país é esse?/Que país é esse?Que país é esse?Que país é esse?/Terceiro mundo, se for/Piada no exterior/Mas o Brasil vai ficar rico/Vamos faturar um milhão/Quando vendermos todas as almas/Dos nossos índios num leilão/Que país é esse?/Que país é esse?/Que país é esse?(Legião Urbana, Que país é esse?). Neste tipo música o professor aguça a criticidade dos alunos, levando-os a analisar os motivos pelos quais a letra da música critica algo.
Música 2 - É bão de mais/ É bão de mais a vida de violeiro/ Cantar no Brasil inteiro/ E voltar pro meu Goiás/Goiás é mais, é bão de mais/ É bão de mais/ A vida de violeiro cantar no Brasil inteiro E voltar pro meu Goiás/ Quando saio pra cantar/ Por esse Brasil a fora /Levo Deus no coração e na bagagem a viola/ Nas cidades do interior, Distritos e capitais fazendo o que agente ama, mas quando a saudade chama eu volto pro meu Goiás/ É bão de mais/ É bão de mais/ A vida de violeiro Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás/ Goiás é mais, é bão de mais/ É bão de mais A vida de violeiro/ Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás/ Um dia canto no sul no outro já vou pro norte/ do nordeste ao sudeste/ coração bate mais forte/ Solto a voz no centro-oeste num dueto de paixão junto com o meu parceiro por esse Brasil inteiro/ Cantando só modão/ É bão de mais/ É bão de mais A vida de violeiro/ Cantar no Brasil inteiro/ E voltar pro meu Goiás/ Goiás é mais, é bão de mais/ É bão de mais A vida de violeiro/ Cantar no Brasil inteiro e voltar pro meu Goiás. (Jorge e Mateus – Violeiro Feliz de Goiás).
Música 3 - Meu amor fugiu de mim/Não sei onde ela está/Ela tem muitos parentes No estado do Paraná/Não sei se está em Londrina, Ponta Grossa, Maringá, Cascavel ou Curitiba Talvez em Paranaguá/ Quase louco de amor fui procurar a menina passei por Jacarezinho e Santo Antônio da Platina/ Fui a Cornélio Procópio, Bandeirantes e Londrina, de Rolândia e Arapongas fui parar em Tomazina/ revirei Apucarana, Pirapó e Mandaguari, fui a Jandaia do Sul, Marialva e Sarandi/ segui pra Nova Esperança fui a Paranavaí procurei praquelas bandas Terra Rica e Loanda, Uniflor e Floraí segui pra Umuarama, Altônia e Iporã, Mamborê, Campo Mourão, Cianorte, Ubiratã estive em Porecatu, Astorga e Jaguapitã, Faxinal, Jardim Alegre fui até Ivaiporã. Mas nem tudo acontece conforme a gente deseja nem sempre a felicidade é servida na bandeja, ao chegar em Colorado Bendito, louvado seja fiquei sabendo que ela foi pra casa do tio dela que mora em Sertaneja. (Juliano César- Meu amor fugiu de mim).
A aplicação das músicas 2 e 3 poderá ser feita da seguinte forma: a segunda música deverá ser executada e os alunos ter a letra da música, elas deverão identificar quais são as regiões do Brasil e qual o estado que eles estão dando mais ênfase na música, a terceira está mais voltada para o Paraná, nesta música há necessidade de usar o mapa, eles irão ouvir a música e procurar no mapa as principais cidades que falam no refrão da música.
Conclui-se, portanto, que a utilização da música em sala de aula facilitará o processo de aprendizagem do aluno, contribuindo para a construção do conhecimento geográfico, uma vez que este instrumento está totalmente inserido no cotidiano do aluno. Cabe ao professor fazer os alunos analisar as músicas de forma diferenciada, aguçando nos mesmos o olhar geográfico e crítico sobre as mesma.

Palavras-Chave: Ensino de Geografia, Música, Paródia.

Referências
VIEIRA, C. E.; SÁ, M. G. de Recursos Didáticos: do quadro-negro ao projetor, o que muda? In. PASSINI, E. Y. Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007, p.101-116. (16p).
KLIMEK, R. L. C. Como aprender Geografia com a utilização de Jogos e situações-problema. In. PASSINI, E. Y. Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007, p.117-131. (15p)

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