segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TRABALHO DE CAMPO: MEDIADOR DE NOVAS DESCOBERTAS AMBIENTAIS, ECOLÓGICAS E SÓCIO-CULTURAIS – UM OLHAR SOBRE O ECOTURISMO

SANTOS, Andreza de Fátima
Discente do 4° ano de Geografia - UENP
OLIVEIRA, Jully Gabriela Retzlaf de
Orientadora, Profª do Departamento de Geografia – UENP

A aplicação dessa proposta pedagógica de trabalho de campo deu-se no mês de Setembro de 2010, em virtude da realização do Estagio Curricular Supervisionado em Geografia, no 2º Ano do ensino médio na Escola Estadual Barboza Ferraz localizado na cidade de Andirá, norte do Paraná.
Ao falarmos sobre os conteúdos referentes as questões ambientais e as formas de apropriação do espaço geográfico enfocando sobre tudo o ecoturismo, como aproveitamento e preservação de espaços naturais, surgiu à necessidade de realização de trabalho de campo com os alunos
Ensinar é uma árdua tarefa para os educadores em todas as áreas, principalmente no que se refere ao ensino médio, pois a partir dali o aluno vai saber o que quer para seu futuro, não basta que o professor apenas domine muito bem os conteúdos de Geografia, é preciso motivar os jovens a aprender estes conteúdos, e acima de tudo assumam uma consciência critica á respeito do meio ambiente.
O professor deve então conseguir atrair a atenção de seus alunos para sua aula, isto pode não ser possível se for criada uma rotina ou comodismo, onde todos os dias se faz sempre a mesma coisa, como por exemplo, se todas as aulas forem apenas expositivas.
É necessário que o educador se utilize de diferentes recursos para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, e o trabalho de campo vai além isto depende da criatividade do professor.
O trabalho de campo é um dos recursos que o professor pode utilizar-se para tornar a aprendizagem da geografia não só mais “legal” ou descontraída para os alunos como também mais significativa.
Na Geografia Crítica, porém, destaca-se a importância da preparação e da contextualização do trabalho de campo, para que possa propiciar ao aluno o interesse pelo estudo do lugar vivido e a compreensão das contradições espaciais existentes. Nessa perspectiva, o trabalho de campo também se baseia na observação, permitindo ao aluno um olhar especial sobre os elementos da paisagem, fundamentado na teorização prévia, o que lhe dá autonomia diante da produção do conhecimento, despertando o senso crítico e investigador.
Ademais, outros valores de grande relevância são acrescidos, como cooperação na realização de trabalhos em equipe, gosto pelo estudo e pela investigação pessoal, desenvolvimento da sensibilidade e da fraternidade, melhorando as relações professor–aluno e aluno–aluno.
Atualmente, o trabalho de campo é um recurso metodológico de ensino–aprendizagem que vem sendo revalorizado na Geografia como um dos instrumentos de maior interesse e produtividade no ensino dessa disciplina.
Atualmente, o trabalho de campo é um recurso metodológico de ensino–aprendizagem que vem sendo revalorizado na Geografia como um dos instrumentos de maior interesse e produtividade no ensino dessa disciplina. Para Alves et al (2007, p.1081):
“O trabalho de campo pode ser considerado uma modalidade prática de ensino primordial, por apresentar possibilidades no processo de ensino–aprendizagem. A prática de ensino a campo é um método em que os acadêmicos têm contatos com alguns elementos físicos estudados em sala de aula”.
Tomita (1999, p.13) também escreve sobre o trabalho de campo como instrumento de ensino em geografia:
[...] Dentre várias técnicas utilizadas no ensino de Geografia, considera-se o trabalho de campo, uma atividade de grande importância para a compreensão e leitura do espaço, possibilitando o estreitamento da relação entre a teoria e a prática. O alcance de um bom resultado parte de um planejamento criterioso, domínio de conteúdo e da técnica a ser aplicada [...].
Deve-se considerar ainda que um trabalho prático requer uma reflexão sobre o tema a ser estudado, conforme Kaercher (2004, p.233):
[...] Muitos professores crêem que mostrando uma foto ou um objeto, ou ainda, dando a volta no bairro – todas ótimas iniciativas - os alunos ‘verão as coisas como elas são’, isto é, terão acesso ‘à realidade’, verão a ‘essência’ para além das aparências. Esse é um passo necessário para o estudo: ver ‘as coisas’, mas é insuficiente se não alertarmos nossos alunos para a necessidade da reflexão sobre o que se vê na tentativa de não nos contentarmos com as primeiras impressões [...]
O trabalho de campo permite a integração da teoria à prática tanto de aspectos físicos como humanos no ensino de geografia, e é bom não esquecer de que ele precisa de reflexão e um bom planejamento para sua execução, bem como o domínio dos conteúdos e métodos que serão utilizados.
O trabalho de campo proposto justifica-se pela necessidade de explanar e exemplificar os conteúdos relacionados à atividade ecoturística, no espaço geográfico, pois esta vem sendo realizada no espaço rural de Cambará, próximo ao espaço de vivência dos alunos.
Para execução desta proposta pedagógica foi planejado com antecedência o local da visita, sendo o sitio Ecológico Scandolo, localizado na BR 369, entre as cidades de Andirá e Cambará.
Nas aulas anteriores foram feitas abordagens sobre os conteúdos que seriam observados à campo, ressaltando os principais aspectos do local que seria visitado. Posteriormente foi realizado o trabalho de campo no local selecionado e na seqüência foi realizado um debate em sala de aula sobre a temática envolvida no campo.
Este trabalho de Campo tem como interesse principal despertar a consciência sobre a preservação ambiental, conhecendo desta forma algumas plantas e árvores nativas da nossa região que se encontram preservadas, observar a prática do ecoturismo no espaço rural, assim como perceber que é possível ocupar o espaço, sem destruí-lo, e sim resgata-lo em prol da sociedade, esta além de usufruir, poderá de alguma forma participar de alguns pontos essenciais para a vida humana, os cuidados com o meio ambiente e o desenvolvimento do ecoturismo sem degradar a natureza, e acima de tudo perceber a tamanha importância do trabalho de campo nas aulas de Geografia, valorizando não só como um simples passeio e sim um contato direto com o que se vê.
Devo ressaltar que foi sensível a leitura por parte dos alunos, que tudo observavam, anotavam e questionavam, aproveitaram e se divertiram, sem falar na expressão facial que externava suas emoções. Imaginar o que foi dito mediante os conteúdos abordados é uma coisa, mas nada se compara ao ato de adentrarmos nas estruturas dessa realidade, mantido em conservação através do tempo.
Após o trabalho realizado, os alunos além da aquisição de novos conhecimentos e aprendizado, eles puderam estar em contato direto com o ecoturismo, pois com o contato direto é muito mais proveitoso, do eu o teórico em sala de aula, talvez se a maioria dos conteúdos propostos fosse assimilada com o real, seriam mais fáceis de ser ensinados e com certeza os resultados satisfatórios.
Os alunos além de aprender, desfrutaram de tudo de bom que a natureza oferece, e em sala de aula além do bom comportamento realizaram todas as atividades pós campo entusiasmados, críticos e com quase que 100% de acertos.
Ao realizarmos as avaliações em grupo e individual dessa atividade, pude constatar a contemplação dos objetivos traçados inicialmente, que eram atingir o domínio cognitivo, como a aquisição e consolidação dos conhecimentos específicos; despertar consciências do espaço vivido e construído; despertar o espírito crítico e investigativo, bem como a consciência ambientalista em cada um e total aproveitamento do trabalho em si.
Infelizmente, muitos professores têm considerado o trabalho de campo como uma atividade enfadonha, preferindo o discurso desgastado de que, para a sua realização, são encontrados problemas de diversas naturezas, tais como dificuldades para deslocar os alunos; deficiência na formação acadêmica com a falta da prática de campo; insatisfação com as políticas públicas voltadas à Educação, como a que lota os professores em áreas diferentes da sua formação, etc. Esses professores terminam, assim, (re) produzindo uma Geografia Tradicional baseada na repetição dos conteúdos abstratos dos livros didáticos, sem se preocupar com a real aprendizagem dos alunos.
Todavia, é preferível não nos deixarmos vencer por tais dificuldades mesmo não as desconsiderando quanto à sua existência. É preciso ousar e driblar essas adversidades, procurando empregar também o recurso metodológico de ensino–aprendizagem que é o trabalho de campo para o ensino de Geografia, acreditando, sim, que é possível ensinar sem que esse repasse seja apenas repetir as lições dos livros didáticos sem fazer uma associação com a realidade do aluno.
É bem verdade que aqueles professores que receberam uma formação acadêmica séria e comprometida com a prática de campo empenham-se com mais afinco nessa atividade, mas não desanimem. A sugestão é que procurem superar os obstáculos, criando mecanismos de superação.Dessa forma, o trabalho de campo bem planejado e contextualizado apresenta-se como uma das alternativas à melhoria da qualidade do ensino de Geografia, e, conseqüentemente, estamos colaborando para a formação de alunos críticos e conscientes das transformações espaciais vigentes.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ana Maria Radaelli da Silva. Geo UERJ do Departamento de Geografia, UERJ, RJ, n. 11, p. 61 – 74 1º Semestre de 2002
ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia, Ciência da Sociedade: uma Introdução à Análise do Pensamento Geográfico. São Paulo: Atlas, 1987. p. 41.
VESENTINI, José W. & VLACH, Vânia F. Rúbia. Geografia Crítica – Manual do Professor. v. 3. São Paulo: Ática, 2004. p. 8.
Vanuzia B. Lima — cearense de Sobral — é bacharela e licenciada em Geografia com pós-graduação em Desenvolvimento com Meio Ambiente, pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
ALVES, E. A.; CABRAL, J. B. P.; PEIXINHO, D. M.; OLIVEIRA, W. D.; ROCHA, I. R. Breve Reflexão sobre a importância do trabalho de campo no Ensino de Geografia in: Anais do XV Encontro Sul Mato-grossense de Geógrafos, 2007.
KAERCHER, N. A. A geografia escolar na prática docente: a utopia e os obstáculos epistemológicos da Geografia Crítica. Tese de Doutorado, São Paulo, 2004 SUERTEGARAY, D. M. A. Pesquisa de Campo em Geografia.
TOMITA, L.M.S. Trabalho de campo como instrumento de ensino em geografia in:Geografia: Revista do Departamento de Geociências. Universidade Estadual de Londrina. Vol. 08 nº. 01 p. 13-15, jan./jun. 1999.
Site:http://www.portaldehospedagem.com.br/seusite.asp?id=10977 acessado em 23/10/2010

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