segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TRABALHANDO O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ATRAVÉS MAQUETE E DO JOGO.

FERREIRA, Priscila Vargenski e
OLIVEIRA, Geisiane Aparecida
Discentes do 4° ano de Geografia - UENP
OLIVEIRA, Jully Gabriela Retzlaf de
Orientadora, Profª do Departamento de Geografia – UENP

Este trabalho apresenta uma experiência pedagógica realizada nas aulas de Geografia durante o estágio de regência executado no Colégio Estadual Professor Gabriel Rosa, localizado na cidade de Curiúva – Paraná.
Este texto tem como objetivo apresentar uma proposta metodológica para ensinar o conteúdo de uso e ocupação do solo nas aulas de Geografia do Ensino Fundamental. Em específico pretende-se apresentar o jogo como instrumento pedagógico.
Para trabalhar o conteúdo de uso e ocupação do solo nas aulas de geografia, inicialmente foi construída uma maquete hipsométrica do Estado do Paraná em sala de aula, a fim de familiarizar os alunos com as diversas altitudes que o relevo apresenta bem como os diversos usos e ocupações que as áreas podem receber de acordo com a altitude e inclinação do relevo. Na seqüência foi aplicado um jogo com os alunos utilizando a maquete construída, cujo objetivo era demonstrar a importância de planejamento das ações antrópicas ao estabelecer o uso e ocupação da superfície terrestre. A maquete é uma das formas de representação do espaço que tem como vantagem o fato de permitir a percepção do abstrato e do concreto. Ou seja, permite que a visualização tridimensional da curva de nível – representada bidimensionalmente no mapa, bem como possibilita a apresentação de elementos da paisagem como: rios, estradas, áreas urbanas e rurais, entre outros. E, além disso, na construção do modelo, há apreensão de conceitos cartográficos necessários à leitura e compreensão de uma representação cartográfica; tais como simbologia cartográfica, proporção, generalidades, orientação e localização (SIMIELLI, 1991 e 1999). Saber construir e interpretar as representações cartográficas são fundamentais para a formação do raciocínio geográfico – identificar, relacionar e ordenar os fenômenos do real nas suas multidimensões espaciais – necessários á leitura e compreensão do mundo. Contudo, para que a esta representação tenha a utilização necessária, é imprescindível que o sujeito possua o aprendizado para sua leitura e uso, ou senão, conforme argumenta Lacoste (1998), a representação não terá sentido algum, como não teria uma página escrita para quem não aprendeu a ler. Dessa forma torna-se importante trabalhar com maquete, sendo esta um importantíssimo instrumento de ensino, permitindo a visualização do espaço em sua tridimensionalidade.
A maquete se torna um importante recurso de apoio didático pedagógico. Ao trabalhar com as informações em relevo, permitindo a visão tridimensional do espaço, ela aproxima o abstrato do real e ao mesmo tempo, possibilita a construção dos conceitos necessários para o entendimento da representação bidimensional - o mapa - na medida em que o professor, mediador do processo de ensino e aprendizagem, realiza a construção da maquete, a partir do mapa. O desenvolvimento de uma atividade de construção de maquetes só terá sentido ao processo pedagógico quando para a aquisição de conhecimentos geográficos, sendo esta um meio para atingir um fim. Os procedimentos metodológicos seguidos para elaboração da maquete hipsométrica do Paraná são constituídos de várias etapas, as quais serão representadas a seguir: A 1ª etapa compreendeu a escolha do tema, aquisição do mapa base (figura 01). Para aula de 7ª série do ensino Fundamental, o tema escolhido foi o uso e ocupação do solo no estado do Paraná. Nesta etapa optou-se por utilizar um mapa hipsométrico do Paraná. Na 2ª etapa foi feita a seleção do material a ser utilizado na maquete, sendo: papelão, papel vegetal ou seda, alfinete, tintas coloridas (os tons variam conforme ao tema a ser representado, no caso das altitudes: as cores hipsométricas - Quadro 01), cola, estilete, canetas hidrocolor e pincéis. Na 3ª etapa foi construída em sala de aula, junto com os alunos, a maquete hipsométrica do estado do Paraná. Inicialmente foram feitas as cópias das curvas de nível, cada uma em folha separada. Em seguida os alunos transferiram os contornos de cada curva para as placas do papelão, sendo este posteriormente cortado. Para definição das cores a serem usadas na maquete optou-se por partir das cores frias (menor altitude) para as cores quentes (maior altitude) (quadro 01). Na seqüência os alunos pintaram as placas de papelão, conforme as altitudes, reservando a mesma tinta para a legenda. As placas após cortadas e pintadas foram coladas uma sobre a outra conforme o mapa hipsométrico base.
 Altitude Cores utilizadas na maquete
1200 Marrom claro
1000 - 1200 Laranja escuro
800 - 1000 Laranja claro
600 - 800 Amarelo médio
300 - 600 Amarelo claro
Até 300 Verde claro
Quadro 01 – definição das cores para a maquete.

Na finalização da maquete foram acrescentados elementos cartográficos como Título, legenda, escala, orientação e fonte.
Na 4ª etapa foi aplicado um jogo utilizando a maquete construída. A partir da maquete, pode-se estimular os alunos a realizar uma analise integrada da paisagem, através da discussão de temas como o uso do solo, hidrografia, ação antrópica, constituição do solo, tipo de vegetação, entre outros. Mas para que alunos consigam perceber a relação que existe entre conteúdos geográficos e sua vida, é indiscutível o papel do professor. O jogo é lúdico e desafiador, pois sugere desafios, habilidades e conhecimento, e para isso procuram conhecer as regras e estudam as estratégias para vencer. Segundo Macedo (2000), os jogos são propostos com o objetivo de coletar importantes informações sobre o sujeito que pensa, para ir simultaneamente transformando o momento do jogo em meio um favorável á criação de situações que apresentem problemas a serem solucionados. O uso da maquete e do jogo promove a capacidade de observar, analisar, comparar, explicar, reconhecer, representar características do local em que se vive e assim possa construir noções de diferentes paisagens, bem como o espaço geográfico como produção da sociedade. Nesta etapa foi trabalhado o jogo das curvas de nível sendo assim: em cartas de cores diferentes escreva as seguintes questões:
• Parabéns, você foi premiado com o direito de construir 5 casas na maquete. Onde você poderia construí-las e por quê?
• Peça para seu professor traçar duas linhas na maquete. Depois responda: Se você fosse fazer uma caminhada seguindo um dos trajetos, qual deles escolheria? Por quê?
• Você foi indicado pelo prefeito da cidade para reflorestar uma área. Indique esta área na maquete.
• Se você fosse pavimentar o bairro, em qual sentido das ruas as águas da chuva escoariam com maior velocidade? Justifique sua resposta.
• Indique quais são as cotas mais próximas umas das outras e que isso revela sobre o relevo.
* Trace uma linha na maquete e elabore um perfil topográfico do terreno.
Nessa aula a sala foi dividida em grupos e cada grupo recebeu uma cor diferente de carta atrás de cada carta tinha um n° que iria para o sorteio, através do sorteio cada grupo tinha a chance de responder a pergunta da carta sorteada. Em seguida as respostas foram explicadas e relacionadas com o conteúdo estudado por eles.
Os alunos gostaram do trabalho, entenderam a importância do relevo, quais suas formas, e o porquê da realização da maquete, como objeto de estudo.
Concluímos assim que os objetivos foram alcançados, a aula foi muito produtiva houve um interesse e uma grande participação por parte dos alunos. Cabe a nós futuras professoras optarmos por sermos cada vez mais sujeitos da nossa história atuando ativamente na busca de uma sociedade mais plural, democrática e que dê mais dignidade de vida aos que, com seu suor, constroem as riquezas deste País.

Palavras-Chave: Ensino de Geografia. Maquete. Jogo.

REFERÊNCIAS
PASSINI, Elza Yasuko Alfab
etização Cartográfica e o Livro Didático: Uma Análise Crítica. Belo Horizonte, MG: Editora Lê, 1994.
ROSS, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil. 5ª Ed. São Paulo: Edusp, 2001.
SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas - 30 ed São Paulo: Ática, 2000.
ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 7 ed., 1999, 90 p.
ALVES, R. O rio São Francisco no Paraná. São Paulo: Folha de São Paulo, 11 de jul. 1999.
OLIVEIRA, Livia. Estudo metodológico e cognitivo do mapa. São Paulo: IGEOG-USP, 1978.
SIMIELLI, M. E. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A.F.A. (Org.) A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. p.92-108.

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