Artigo publicado no I Simpósio de Geografia "Novos Rumos para os Estudos Geográficos" e IX Semana de Geografia. UENP, Cornélio Procópio, 2013.
REFLEXÕES SOBRE A APLICAÇÃO
DO “JOGO DAS TRÊS PISTAS DOS CONTINENTES” NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMNETAL VIA
PROJETO PIBID- GEOGRAFIA/ UENP
SOUZA, Jeane Fátima Moraes –
Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP¹
SANTOS, Loanda Jéssica dos –
Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP¹
BETTIM, Nathan Aguiar – Universidade
Estadual do Norte do Paraná – UENP¹
OLIVEIRA, Jully Gabriela Retzlaf –
Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP²
Resumo
O presente trabalho foi desenvolvido
no projeto PIBID Geografia – UENP e tem por objetivo relatar a experiência
pedagógica vivenciada com a aplicação do jogo das Três Pistas dos Continentes
no 6º ano do Ensino Fundamental. Para a realização do mesmo, foram realizadas
pesquisas e leituras bibliográficas, aulas-piloto no 6º ano sobre o conteúdo
Continentes, confecção e aplicação do “Jogo das Três Pistas dos Continentes” na
mesma turma de realização da aula. A aplicação do jogo produziu resultados
pedagógicos positivos, pois tornou o ambiente da sala de aula mais
descontraído, aumentou a participação ativa dos alunos e melhorou a compreensão
e interesse sobre o tema estudado. Também possibilitou o enriquecimento da
prática docente da professora regente.
Palavras-chave: Geografia; Recurso Didático; Lúdico.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido
no projeto PIBID Geografia – UENP, campus de Cornélio Procópio, o qual ter por
objetivo ampliar o debate e a pesquisa sobre o Ensino de Geografia, incentivar
a iniciação à docência e promover a formação continuada. Durante o período de
execução do projeto (agosto de 2012 até o momento) foram realizadas várias
atividades envolvendo bolsistas de iniciação à docência, professoras
supervisoras, escolas do projeto e alunos. Em especial aqui, destacamos a
elaboração e aplicação de jogos de Geografia nas aulas do Ensino Fundamental II.
O artigo tem objetivo relatar a
experiência pedagógica vivenciada com a aplicação do jogo das Três Pistas dos
Continentes no 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual André Seugling
e apresentar os resultados obtidos. Este trabalho torna-se relevante pois,
apresenta uma prática de ensino diferenciada para o contexto da realidade
escolar, contribuindo, desta forma, para melhorar e enriquecer as aulas de
Geografia.
Para a realização do mesmo, foram
realizadas pesquisas e leituras bibliográficas, aulas-piloto no 6º ano do
Ensino Fundamental do conteúdo Continentes, confecção do jogo no projeto PIBID
e aplicação do “Jogo das Três Pistas dos Continentes” na mesma turma de
realização da aula.
O trabalho vai apresentar inicialmente
a importância dos jogos no ensino de Geografia. Em seguida será apresentado o
jogo elaborado, contendo as regras e as cartas produzidas e posteriormente será
relato a experiência pedagógica da aplicação do jogo na sala de aulas,
inclusive a aula-piloto antecedente, até os resultados obtidos.
O jogo nas Aulas de
Geografia
A tarefa de formação própria ao ensino
de Geografia é a de contribuir para o desenvolvimento de um modo de pensar
geográfico, que compõe um modo de pensar sobre o mundo e a realidade que nos
cerca (CAVALCANTI, 2007). Para tanto, o professor precisa pensar nos métodos e
técnicas de ensino utilizados em sala de aula que permitam a construção do
conhecimento. Desta forma, existem inúmeros recursos
didáticos que podem auxiliar o professor, os jogos e as atividades lúdicas são
uma opção. Segundo
Stefanello (p.112,2008)
“proporcionar situações lúdicas na escola favorece o desenvolvimento de
habilidades necessárias para a construção do conhecimento”, sendo o jogo um
instrumento fantástico para contribuir com a aprendizagem dos alunos. Para Castellar
e Vilhena (p. 44, 2010) “os jogos e as brincadeiras são situações de
aprendizagem que propiciam a interação entre alunos e entre alunos e
professores [...]”.
Atualmente a sala de aula é visto
pelos alunos e professores como algo desestimulador, são inúmeras as causas que
levam a essa situação, pode-se citar que o problema mais “falado” é a
indisciplina, porém, a falta de interesse muitas vezes está associada pelo fato
de o conteúdo estar muito abstrato para eles, “sem nenhuma utilidade”, com
aulas sempre enfadonhas, tendo a Geografia como sinônimo de decoreba, sem
influencia com a sociedade e natureza.
O uso do jogo em sala de aula
proporciona entusiasmo e motivação nos alunos, o que faz com que eles se
interessem pelo conteúdo sem se tornar algo cansativo. Logo, os mesmo terão uma
aprendizagem significativa.
Freitas
e Salvi ressaltam que
[...] O elemento que separa um jogo
pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é que, este se desenvolve com a
intenção explícita de provocar aprendizagem significativa. Estimular a
construção de um novo conhecimento e despertar o desenvolvimento de uma
habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade
cognitiva [...] (p. 307, 2009).
Para utilização do jogo nas aulas de
Geografia, faz-se necessário ter um objetivo estabelecido que vá de encontro
com o conteúdo trabalhado, para que não seja apenas
uma brincadeira em sala de aula, no qual não terá nenhum significado na
aprendizagem do aluno.
No entanto, sabe-se que jogo é um
recurso pouco utilizado em sala de aula e segundo Piaget (1975, apud FREITAS;
SALVI, 2009) “por meio de jogos a criança constrói conhecimento sobre o mundo
físico e social, desde o período sensório-motor até o período operatório
formal”. Logo, verifica-se que o jogo constitui um instrumento de grande valor
no ensino, pois proporciona ao aluno um contato simulado com a realidade,
estimulando seu raciocínio.
Dessa forma, faz se fundamental o uso
de novas metodologias em sala de aula, sendo o jogo um recurso de grande valia para
ser usado pelos docentes a fim de contribuir para uma aprendizagem
significativa dos alunos, tendo em vista que Geografia visa formar cidadãos críticos,
o jogo também contribui com ensino de valores, pois os alunos aprendem a
ganhar, perder, respeitar e compartilhar.
O Jogo das Três Pistas
dos Continentes
O “Jogo das Três Pistas dos
Continentes”, foi elaborado para ser jogado no 6º ano do Ensino Fundamental e consiste
em cartas que contém 03 pistas relacionadas ao tema central de estudo, sendo
aqui os Continentes e uma palavra-chave, que deverá ser desvendada pelos alunos
com a ajuda das pistas.
O jogo das três pistas tem por
objetivo revisar e fixar o conteúdo trabalhado na aula-piloto sobre
Continentes; propiciar aos alunos um aprendizado lúdico e diferenciado da
realidade cotidiana; motivar e despertar no aluno o interesse em conhecer o
assunto.
Para confecção do jogo foram
utilizados: papel cartão para impressão das cartas; plástico para crachá, para
colocar as cartas; envelope, para guardar as cartas. Para jogar no 6º ano foram
elaboradas 20 cartas contendo em cada uma três pistas sobre os continentes e
uma palavra-chave (figuras 01, 02, 03 ,04, 05, 06, 07).
Para jogar é necessário separar a sala
em dois grupos. Diante dos envelopes (enumerados de 1 a 20) a professora pede
para o grupo iniciante escolher um envelope. Na sequência a professora deve
fazer a leitura da primeira pista (valendo 15 pontos), se o grupo não souber
vai para o próximo grupo que terá a segunda pista (valendo 10 pontos), caso
este não saiba a carta vai novamente para o grupo iniciante que terá acesso à
terceira pista (valendo 05 pontos). Quando um grupo acertar a palavra-chave os
pontos correspondente à dica serão contabilizados para a equipe. Ganha o jogo o
grupo que fizer mais pontos.
Figura 02 a 07 : Cartas do Jogo das Três Pistas dos Continentes.
A Aplicação do jogo das
Três Pistas dos Continentes no 6º ano do Ensino Fundamental
Antes da aplicação do jogo foi realizada
uma aula-piloto em dupla referente ao conteúdo continentes, em uma turma
vespertina do 6º ano do Colégio Estadual André Seugling, sob orientação da
coordenadora do projeto e da professora regente. Para melhor compreensão do assunto
inicialmente foi dado um mapa mundi mudo para os alunos colorirem os
continentes e criar legendas para cada um. A aula foi expositiva e dialogada utilizando o
mapa mundi físico e político e a Tv pendrive para passar imagens de diversos
lugares do mundo, cuidando para discutir as pistas contidas no jogo.
Durante a explicação da aula foram
encontradas algumas dificuldades de indisciplina devido a um aluno que
tumultuava a sala inteira, o mesmo é repetente e possui muitas dificuldades.
Diante desta situação chegou-se a pensar em não aplicar o jogo, uma vez que a
sala era muita agitada e o jogo poderia causar mais conversa ainda. Porém
seguiu-se com a ideia a fim de verificar se o instrumento elaborado provocaria
algum resultado.
No decorrer da aula, foi possível
perceber que o mapa era algo diferente em sala, pois a grande maioria tinha
dificuldade para fazer localizações. Porém, no momento os alunos não deram
tanta importância, mas na hora de jogar eles ficaram muito interessados com o conteúdo, pegando o livro para ver o mapa e o caderno onde foram feitos anotações no
dia da aula.
A aplicação do jogo foi surpreendente,
pois devido a indisciplina e dispersão na aula surgiu a preocupação de não ser
possível a aplicação do jogo na turma. Mas o resultado foi totalmente diferente
do esperado, todos os alunos participaram com bastante entusiasmo, se
preocupando entender as dicas para desvendar a palavra-chave. Até mesmo o aluno
mais agitado se mostrou um líder do grupo que estava e chegou a comentar que
deveria prestar mais atenção na aula para saber jogar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se que o uso do jogo como instrumento
de ensino, promoveu benefícios didáticos bastante relevantes, pois tornou o
ambiente da sala de aula mais descontraído, aumentou a participação ativa dos
alunos e melhorou a compreensão e interesse sobre o tema estudado. Logo, este
recurso torna a sala de aula mais atrativa e motivadora, proporcionando aos
alunos interesse em aprender. Durante o jogo foi possível observar o quanto os
alunos aprendem brincando, tornando o contado professor e aluno mais agradável.
Outro ponto, observado é que a atividade possibilitou o enriquecimento da
prática docente da professora regente.
REFERÊNCIAS
CASTELLAR, S.; VILHENA, J. Ensino de Geografia. São
Paulo: Cengage, 2010
CAVALCANTI,
L. S. Ensino de Geografia e diversidade: construção de conhecimentos geográficos
escolares e atribuição de significados pelos diversos sujeitos do processo de
ensino. In: CASTELLAR, Sonia (Org.). Educação
geográfica: teorias e práticas docentes .2.d. São Paulo: Contexto, 2007.
FREITAS,
E. S.; SALVI, R. F. A Ludicidade Voltada para o Ensino de Geografia: proposta
do jogo Paraná em questão. In.: PINESSE, J. P. et al. Prospecções em
Geografia e meio ambiente. Londrina: Edição Humanidades, 2009.
STEFANELLO,
A.C. Didática e avaliação da
aprendizagem no ensino de Geografia. Curitiba: Ibpex, 2008.
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