segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TÉCNICAS DE MAPEAMENTO TEMÁTICO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

Docente: Profª Ms. Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira
Instituição: Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus de Cornélio Procópio – Departamento de Geografia

1 – A CARTOGRAFIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Tanto os mapas quanto os atlas, na condição de instrumento pedagógico, deveriam ser presença obrigatória nas aulas de Geografia. Esse material precisa ser utilizado no desenvolvimento de um raciocínio geográfico e geopolítico (PONTUSCHKA et. al., 2007).
Os mapas temáticos representam um tema: relevo, vegetação, distribuição da população, agricultura, indústria, turismo, comunicação. Estes são estabelecidos com base em fontes estatísticas ou através do mapeamento do uso da área.
Há vários tipos de representações nas cartas temáticas: entre eles, encontram-se aqueles que exprimem diversos aspectos de um fenômeno por cores (fig. 01) ou hachuras com orientações diferentes ou permitem a visualização das cores por meio de gradações e aqueles que traduzem a distribuição de um fenômeno por meio de pontos (fig. 02) e linhas (fig. 03).
Os mapas temáticos podem ser construídos levando-se em consideração vários métodos, cada um apropriado às formas de manifestação (em pontos, em linhas, em áreas) dos fenômenos considerados em cada tema, seja na abordagem, qualitativa ou quantitativa.
Independente do objetivo, o mapa como um meio de comunicação exige conhecimentos específicos de Cartografia, tanto de seu criador como do usuário, leitor e consumidor (ARCHELA; THERY).
No processo de ensino-aprendizagem de cartografia deve ser trabalhado inicialmente com a construção de legenda. A legenda é o momento bastante fácil, pois refere-se à simbolização, decodificando os significados dos signos empregados no mapa. Depois trabalha-se com a orientação. O próximo momento é o aprendizado do sistema de coordenadas e na etapa seguinte trabalha-se escala, que envolve raciocínio das operações de redução proporcional. Mas também é preciso se atentar para a projeção (MARTINELLI, 2007).
No ensino escolar existem sempre estudos, principalmente no âmbito da Geografia, que envolvem mapas, os quais estão nos textos didáticos ou nos respectivos Atlas. Praticamente, todos eles são temáticos e abordam algum assunto enquadrado no programa.
Os jovens estudantes do ensino fundamental e depois do médio estará, em oportunidades específicas, diante de mapas temáticos, em geral com o objetivo de lê-los, analisá-los e interpretá-los.
A construção dos mapas temáticos inicia-se com a identificação das duas dimensões do plano (X, Y), identificando a posição do lugar – Onde? Mas os mapas podem mostrar mais que apenas a posição dos lugares. Eles podem ir além, dizendo muito sobre os lugares, caracterizando-os (MARTINELLI, 2007). Um tema por ter aspecto qualitativo – “o quê?”, ordenado “em que ordem”? ou quantitativo “quanto?”.
Juntamente na fase da alfabetização cartográfica, momento que busca capacitar os alunos para ler os mapas, torna-se necessário trabalhar a representação gráfica (convenção cartográfica e legenda), capacitando os alunos a ler, analisar e interpretar os diversos temas representados pelos mapas temáticos.
O mapa é uma das formas possíveis de fazer a leitura do espaço, que é a representação cartográfica de um determinado espaço. Para o sujeito ser capaz de ler de forma crítica o espaço, é necessário tanto que ele saiba fazer a leitura do espaço real concreto, como que ele seja capaz de fazer a leitura de sua representação – o mapa. Para tanto, terá melhor condições de ler o mapa aquele que saber fazer o mapa. Desenhar trajetos, percursos, plantas da sala, da casa pode ser o início do trabalho do aluno com as formas de representação do espaço. Não basta saber ler o espaço, é importante também saber representá-lo (CALLAI, 2005).
O estudo da linguagem cartográfica contribui não apenas para que os alunos compreendam os mapas, mas também para desenvolver capacidades relativas à representação do espaço, portanto, os alunos precisam ser preparados para que construam conhecimentos fundamentais sobre essa linguagem, como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores (FRANCISCHETT, 2004).
Para Almeida e Passini (apud KATUTA, 1997) é mapeando que o aluno vai tomar consciência da importância das representações utilizadas em Geografia e vai, portanto, poder utilizá-las de uma forma mais consciente, mas as autoras alertam que para a leitura, só mapear não basta, é preciso dominar um conjunto de habilidades.
Muito professores mandam fazer apenas cópia e tão somente a cópia de mapas nas aulas de Geografia, sendo grande parte dos mapas utilizados de escala pequena (Mundi, América do Sul, Brasil), contudo, é através de mapas de escala grande é que podemos trazer a “geografia dos alunos” para a sala de aula, porque ler mapas é muito mais que mera decodificação das convenções cartográficas, é além de decodificar o alfabeto cartográfico, também criar significado para aquela realidade que está sendo ou foi cartografada e tentar conhecer determinada realidade de forma indireta. (KATUTA, 1997)
Simielli, 2007 elaborou algumas propostas de trabalho da cartografia no fundamental e Médio: a primeira refere-se à formação do aluno mapeador consciente, onde os alunos são participantes do processo cartográfico, participando ativamente da elaboração de maquetes, croquis, mapas mentais entre outros e, a segunda refere-se à formação do aluno leitor crítico, cujo trabalhado é feito com produtos cartográficos já elaborados – mapas, carta e plantas.
Os cartógrafos fazem mapas utilizando imagens em visão vertical de fotos aéreas e imagens de satélite. Muitos mapeamentos temáticos podem ser obtidos a partir destas imagens.
A elaboração de mapas temáticos abrange as seguintes etapas: coleta de dados, análise, interpretação e representação das informações sobre um mapa base que geralmente, é extraído da carta topográfica. Os mapas temáticos são elaborados com a utilização de técnicas que objetivam a melhor visualização e comunicação, distinguindo-se essencialmente dos topográficos, por representarem fenômenos de qualquer natureza, geograficamente distribuídos sobre a superfície terrestre. Os fenômenos podem ser tanto de natureza física como, por exemplo, a média anual de temperatura ou precipitação sobre uma área, de natureza abstrata, humana ou de outra característica qualquer, tal como a taxa de desenvolvimento, indicadores sociais, perfil de uma população segundo variáveis tais como sexo, cor e idade, dentre outros (ARCHELA; THERY).
Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com os propósitos de sua elaboração, por isso, existem diferentes tipos de mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou seja, dizer o quê, onde e, como ocorre determinado fenômeno geográfico, utilizando símbolos gráficos (signos) especialmente planejados para facilitar a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitar a visualização de correlações pelo usuário. O fato dos mapas temáticos não possuírem uma herança histórica de convenções fixas, a exemplo dos topográficos, se deve às variações temáticas e aos aspectos da realidade que representam, sendo necessárias adaptações diferenciadas a cada situação (ARCHELA; THERY).


2. MAPAS TEMÁTICOS CONTIDOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
Qualitativos (diversidade): clima, domínios morfoclimáticos, uso da terra, biomas, terras indígenas, problemas ambientais, agropecuária, relevo, geologia, minerais, solos, terras indígenas.
Quantitativos ou ordenados (proporcionalidade, hierarquia): população, índice de analfabetismo, trabalho infantil, indústria, densidade demográfica, precipitação, temperatura, urbanização, crescimento vegetativo, mortalidade infantil, IDH, expectativa de vida, PIB, escolarização.

Atividades:
1) Fazer o mapa do uso do solo através de imagem de satélite.
2) Fazer o mapa do IDH na América do Sul.
3) Fazer um mapa da população do Brasil.

REFERÊNCIAS
ARCHELA, R. S.; THÉRY, H. Orientação Metodológica para construção e leitura de mapas temáticos. Apostila cedida pelos autores.
CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do Ensino fundamental. Cadernos CEDES, 25(66), p. 227-247, Aug., 2005.
FRANCISCHETT, M. N. A Cartografia no ensino-aprendizagem da Geografia. BOCC, 2004.
KATUTA, A. M. Uso de Mapas = Alfabetização Cartográfica e/ ou leituralização Cartográfica. Revista Nuances: Presidente Prudente, vol. III, set., 1997, p.41-46.
______ A Linguagem cartográfica no ensino Superior e Básico. In.: PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A. U. de (Orgs.). Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2006.
MARTINELLI, M. O Ensino da Cartografia Temática. In.: CASTELLAR, S. (org.) Educação Geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo: Contexto, 2008.
PASSINI, E. Y. Alfabetização Cartográfica. In. PASSINI, E. Y. Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007, p.143-155.
PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI. T.I.; CACETE. N. H. Para Ensinar e Aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no Ensino Fundamental e Médio. In. CARLOS, A. F. A. A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2007, p.92-108.

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