CLAUDIMIR VIECO ITO
Graduando do curso de Geografia da UENP
VALÉRIA CRISTINA DE SOUZA
Graduando do curso de Geografia da UENP
JULLY GABRIELA RETZLAF DE OLIVEIRA
Orientadora e Professora do Curso de Graduação em Geografia da UENP
A utilização do trabalho de campo como ferramenta de aprendizagem é de fundamental importância para que o aluno possa compreender melhor as relações existentes entre a disciplina apresentada em sala de aula e a sua real aplicação na realidade. As noções próprias do processo ensino-aprendizagem fornecem recursos e instrumentos para que possam interagir com seu meio ambiente. O incentivo a construção coletiva do conhecimento (trabalhos em grupos) nos trabalhos de campo, privilegia a evolução sócio-afetiva do aluno e promove uma transformação no cotidiano escolar. Portanto, o trabalho de campo se caracteriza como uma ferramenta fundamental para o aluno, fazendo com que este tenha um maior conhecimento das questões ambientais que estão ao seu redor, contribuindo para que desenvolva uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações. Em outras palavras, construir o conhecimento a partir da realidade, sobre a realidade e para então transformar esta realidade. Pode-se aproveitar também o trabalho de campo para trabalhar com os alunos os conceitos de cartografia, iniciando com um conhecimento prévio dos mapas e a área a ser estudada, de forma a se familiarizar com o local de estudo, fazendo com que estes possam compreender melhor as questões que envolvem o espaço geográfico. Com isso os alunos poderão ter um conhecimento inicial do lugar a ser visitado, identificando suas peculiaridades através dos mapas, adquirindo capacidades de interpretar mapas e relatar em linguagem cartográfica suas experiências do campo.
O trabalho de campo é importante para todas as áreas de conhecimento, um trabalho em conjunto pode fazer com que os alunos venham a ter maior interesse pelas disciplinas e se bem aplicados trarão resultados para todos os envolvidos nesta empreitada rumo ao conhecimento. Para BORTOLOZZI (1992) a Geografia assume diversos papéis: "aprender a se organizar no espaço, organizando-o; conhecer-se e inserir-se no espaço, conhecendo-o; fazer se respeitar no espaço, respeitando-o". Ainda segundo a autora, cabe ao professor de Geografia "reforçar a técnica da problematização em sala de aula; estimular o diálogo, tirando o aluno da passividade diante da imagem do espaço, levando a agir sobre este; adaptar seus instrumentos e técnicas a partir das necessidades dos alunos e da comunidade”. Aproveitar a paisagem local e estudar a comunidade não é um método fácil, de ensino mais é uma rica oportunidade de aprendizagem. “A geografia é mais interessante, mais real e mais viva quando a realidade existente na comunidade é estudada.” (THRALLS 1995, apud, Jensen, op.cit., 190). Não tem por que não propormos trabalhar o espaço geográfico, a dinâmica da natureza e a educação para o meio ambiente, especialmente com as técnicas de trabalho de campo. Segundo AJARA (1993) dentre as diversas ciências que possuem interfaces diretas com a questão ambiental, a Geografia muito tem a contribuir com a Educação Ambiental, no que se refere à reflexão e prática através do ensino e pesquisa sob um ponto de vista que lhe é específico: a incorporação do aspecto espaço-território, nas questões ambientais. Por isso cabe ao professor de Geografia informar o aluno sobre as questões ambientais que fazem parte da realidade do local que vai ser trabalhado, uma vez que o aluno só terá um maior esclarecimento das questões referentes ao que aprendeu em sala de aula quando este for ao campo e observar na pratica os conceitos que aprendeu em sala. Na experimentação, o aluno poderá colocar este conhecimento acumulado à disposição da conservação, através da Educação Ambiental. Para que se possa realizar uma boa aula de campo alguns procedimentos devem ser realizados com o intuito de fazer com que a aula possa ter o melhor rendimento possível tanto para os alunos como para a equipe que por ventura venha a participar da elaboração da aula, portanto antes de seguir com os alunos a campo o planejamento de como está será deve ser realizado. Inicialmente, o professor deve fazer uma relação da sua viagem com os conteúdos trabalhados em livros acerca da matéria a ser ministrada. É importante ressaltar que o suporte teórico e a introdução de materiais auxiliares condizentes com a pesquisa a ser realizada dão aos alunos subsídios para sua concentração e estimulo no estudo como um todo, facilitando a prática. O uso de material didático com imagens do assunto abordado dá uma melhor visualização para confrontação e ligação do cotidiano ao cientifico. O docente deve então, quando ainda não conhecer ou houver muito tempo desde sua última incursão, fazer uma viagem prévia ao local a ser visitado, coletando informações quanto aos melhores pontos de parada que tenham relação com o assunto ministrado e a segurança que será necessária para que a aula transcorra sem problemas, se haverá a necessidade de monitores, quantos, qual o tempo necessário em cada parada, até qual horário os alunos podem permanecer no local, limites de aproximação de locais perigosos, entre outras variáveis. A quantidade de alunos que serão conduzidos, o transporte, sempre ressaltando a segurança, a alimentação e os horários pré-definidos são pontos primordiais que os professores devem levar em consideração para que a aula funcione sem que haja situações de problemas que poderiam ter sido evitados com planejamento prévio. O conteúdo teórico deve ser ministrado aos alunos em sala de aula, utilizando várias aulas se necessário for, devendo o professor sempre enfocar o que da matéria ministrada será visualizado na aula de campo e em qual ponto, dando aos alunos a sensação de segurança que o seu professor tem na disciplina e na aula que será ministrada, entendendo eles que não será um simples “passeio”. Desta forma, tudo o que mencionado e abordado em campo, será de inteiro conhecimento dos alunos, podendo estes associar a teoria estudada com a prática no contato com a realidade. Tendo o professor transmitido todo o conhecimento teórico necessário, este deve, juntamente com os alunos, fazer o planejamento da aula de campo. Deve-se fazer um levantamento do roteiro e dos pontos de observação considerando os itens que os alunos acharem relevantes, quais as comparações pertinentes, quais as amostras a serem coletadas e quais os principais pontos de estudo. Os alunos devem seguir para a aula de campo instruídos sobre a forma que será avaliada, se através de relatório de aula, montagem de maquetes, croquis, experiências práticas em sala, ou qualquer outra pertinente ao conteúdo que o professor deseja que seja adquirido. Feito isso, a aula de campo seguirá como planejada, lembrando sempre de tentar antecipar eventuais problemas que possam surgir, a fim de minimizar perdas de aprendizado. O engajamento dos alunos, a proposição de saberes, habilidades e competências e a avaliação antes, durante e a após a “visita-ação” podem garantir êxito na medida em que fica vinculado o prazer e o aprendizado. Todas as experiências práticas vivenciadas pelos alunos servirão de acréscimo ao seu conhecimento sobre o tema estudado. Em aula posterior, deve o professor fazer, junto com os alunos, a avaliação do campo, uma vez que após a ida ao campo é que os alunos irão levantar os pontos favoráveis e as possíveis falhas ocorridas, a fim de que possam ser corrigidos os problemas que por ventura sejam detectados em aulas futuras. Considerando, especialmente, se os objetivos foram alcançados. Desta forma, a presente proposta de trabalho de campo torna-se um componente dinamizador e transdisciplinar capaz de unificar as diferentes áreas componentes da grade curricular presentes nos diferentes PPP (Projetos Políticos Pedagógicos) das unidades de ensino.
Palavras Chave: Geografia, Educação Ambiental, Trabalho de Campo, Lugar, Paisagem, Região, Território e Espaço.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AJARA, César. A abordagem geográfica: suas possibilidades no tratamento da questão ambiental. In: Geografia e Questão Ambiental. Rio de Janeiro: IBGE, 1993.
BORTOLOZZI. A. O Papel da Geografia no contexto da Educação Ambiental escolar: um estudo de caso. 1992. 84 f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PUC, São Paulo, 1992
LACOSTE, Y. A pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos. Seleção de Textos-AGB, n.11, p.1-23, 1985.
PONTUSCHKA, N.N. et al. O Estudo do Meio como trabalho das práticas de ensino. Boletim Paulista de Geografia – AGB/SP, n.70, p. 45-52, 1992.
RODRIGUES, A.B. Guia Metodológico de Trabalho de Campo em Geografia. Revista do Departamento de Geociências, vol.10 nº 1- Jan/Jul. Londrina, UEL, 2001.
RUELLAN, F. O Trabalho de Campo nas Pesquisas Originais de Geografia Regional. Revista Brasileira de Geografia/IBGE, n. 1, p. 35-45, jan./mar. 1944.
THRALLS, Zoe A. O Ensino da Geografia. Universidade de Pittsburgh. 1965.
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